terça-feira, 11 de março de 2008

Mariano Moreno

As grandes fortunas em poucas mãos, acreditava Mariano Moreno, são águas estancadas que não banham a terra. Para não mudar de tiranos sem destruir a tirania, era preciso expropriar os capitais parasitários amansados no negócio colonial. Por que buscar na Europa, ao preço de juros esfoladores, o dinheiro que sobrava aqui dentro?
Do estrangeiro haveria que trazer máquinas e sementes, em vez de pianos Stoddard e jarro Chinês. O Estado, achava Moreno, deveria converter-se no grande empresário da nova nação independente. A revolução, acreditava, deveria ser terrível e astuta, implacável com os inimigos e vigilante com os espectadores.
Fugazmente teve o poder, ou acreditou que o tinha.
- Graças a Deus - suspiram os mercaderes de Buenos Aires, Mariano Moreno, o demónio do inferno, morreu em alto mar. Seus amigos French e Beruti vão rumo ao desterro. Dita-se ordem de prisão contra Castelli.
Cornelio Saavedra manda recolher os exemplares do Contrato Social de Rousseau, que Moreno tinha editado e difundido; e adverte que não há lugar para nenhum Robespierre no Rio da Prata.

Rodolfo Puiggrós, La época de Mariano Moreno, Buenos Aires, 1949

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