terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sexta, Degustação




Na sexta, aguardávamos ansiosos, os convivas. A primeira a chegar foi a Verônica, nossa amiga Chilena, que não avisou que participaria (só ligou uma hora antes, confirmando) O papo foi indo devagar até que o telefone tocou: os nossos amigos estavam perdidos no trânsito caótico de São Paulo. Logo depois o telefone tocou de novo, desta vez para dizer que estavam perto, mas não achavam a rua...depois que a Laura explicou detalhadamente, por fim chegaram: Celso, o Julio e Verônica, a nossa amiga brasileira. Então já estávamos todos e rapidamente começamos.
Abri o primeiro vinho...grande expectativa...servi a todos e começou a avaliação visual, papel branco em mãos,na contra-luz...está turvo alguém diz, não, tem uma cor brilhante, escutei dizer, e assim passamos para a olfativa e como ninguém é muito conhecedor, nenhum se arriscava a detalhar os traços perceptivos ( flores, frutas, vegetais, especiarias...). Teve gente que já estava no passo seguinte: o exame gustativo e gostou (eu não sei se foi porque era o primeiro vinho e todo mundo estava com muita vontade de beber ou porque o vinho era mesmo bom) Ali o Celso, (recém chegado de uma viagem à Espanha) matou a jogada: tenho a impressão que é um vinho italiano...silêncio.
O exemplar seguinte despertou uma série de elogios: ˝neste vinho dá para sentir a madeira˝, arriscou a Verônica (chilena) demonstrando seus conhecimentos vindos de outro lado dos Andes e todos concordaram. A bela cor vermelha atijolada também chamou muita a atenção, frutas vermelhas maduras, com notas de especiaria de liquirizia, cacau. Pleno, de boa estrutura, com taninos doces e aveludados, comparando-o com o anterior.
Quando abri o terceiro vinho, o ambiente já estava muito mais distendido, todo mundo falando alto, contando piadas, rindo, dando gargalhadas...(o que não é recomendável nas silenciosas e discretas degustações, não entanto, tratando-se de pessoas amigas não dá para tentar impor as regras à risca, não é?).
Mas, este último deu o broche de ouro: encorpado, mas equilibrado, madeira apenas perceptível, ao contrário da segunda garrafa. E já estava na hora que cada um optasse pela sua preferência: alguns gostaram do primeiro e deram a suas explicações: porque gosta dos vinhos rústicos. Verônica Cortes fez trabalhar a sua memória olfativa e ficou falando de um vinho que uma vez bebeu e não esqueceu mais: um Barbera D’Asti, de outro produtor a Zonin. Alguém, talvez tenha sido a Verônica Melo, fez um comentário sobre o aroma de uns dos vinhos mudando completamente a percepção inicial dele o que originou a fala do Júlio, dizendo que estávamos todos sendo induzidos a acreditar nele, porque no começo não tínhamos percebido esses aromas.
Então eu pensei em solicitar a cada participante que dissesse a origem dos vinhos (para facilitar, eu disse que as três garrafas vinham de um país só). Ali começaram: três falaram: Portugal, uma diz: Argentina, o Celso manteve a suas convicções: Itália. E acertou em cheio: os vinhos eram da Itália. Um do Friuli, o Refosco do Pedúnculo Rosso,DOC, Colheita 2003, sem estágio em madeira, está pronto para beber, o segundo da região de Abruzzo, um Montepulciano Colle Secco Rubino, DOC, com um ano em barricas de carvalho da Eslovênia elaborado pela renomada Cantina Tollo, Colheita 2002, e o terceiro do Piemonte, um Barbera D’asti , 9 meses em barrica, porém de carvalho francês. E não é que a nossa amiga Verônica tinha percebido as nuances do Barbera, mas na hora de dizer a origem, preferiu escolher a Argentina.
A conversa ficou gostosa, rememoramos épocas passadas, o Celso explicou em detalhes a sua viagem ao Marrocos e as cidades da Espanha que visitou, os amigos novos que cada viagem oferece e os vinhos, claro, que bebeu e gostou.
Quando foi meia noite, a Verônica lembrou da filha que tinha um aniversário e tal vez já estivesse de volta e queria estar na sua casa quando isto acontecesse.
Foi muito bom, rever os amigos, passar momentos agradáveis e degustar vinhos novos e bons.

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