Considerações sobre uva Alvarinho

Esta uva, frutifica no norte de Portugal e na Galícia, noroeste da Espanha, gera vinhos perfeitos para a gastronomia do mar. Brancos intensos, minerais, florais, cítricos.

Companheiros excelentes para a ensolarada e quente temporada de verão.

Os vinhos brancos modernos são vinificados com as uvas sem as peles. Apenas as polpas vão para os tanques de fermentação. As peles podem levar aos vinhos brancos, leves e sutis, aromas vegetais indesejáveis. E nas peles estão os taninos, polifenóis que, quando mais salientes, provocam na boca aquela sensação de secura.

Contrariando a prática moderna, Mendes prensou as uvas Alvarinho e deixou as peles em contato com as uvas por um período inicial de aproximadamente 48 horas, num processo chamado maceração pelicular. Depois manteve as peles em contato com o mosto por mais 48 horas, no início da fermentação alcoólica. As peles foram retiradas e o mosto foi trasfegado para barricas usadas de carvalho francês. Ali, encerrou-se a fermentação alcoólica e o vinho permaneceu por nove meses em contato com as borras. Um processo que aportou grande estrutura e complexidade ao vinho.

O vinho acompanhou de forma impecável e harmoniosa um prato de frutos do mar grelhados, composto por camarões, cavalinha, polvo, mariscos e lulas. Um casamento onde a tendência doce dos frutos do mar abrandou a agradável acidez do vinho, e vice-versa, gerando um delicioso equilíbrio ao paladar. A estrutura desse Alvarinho deu suporte para os sabores mais fortes de ingredientes como o polvo e os mariscos. Os taninos e o teor alcoólico, de 13,5%, limparam as notas untuosas do preparo. E o resultado, sem sombra de dúvida, foi perfeito.

Extraído de um artigo de João Lombardo

João Lombardo é jornalista, professor universitário, padeiro, cozinheiro profissional e sommelier com formação na Itália.

Anselmo Mendes, é vinicultor da região dos vinhos verdes. Portugal.

O vinho em questão é um Alvarinho Anselmo Mendes, 2007. Trazido pela Decanter.