terça-feira, 30 de outubro de 2007

Zinfandel


Um pequeno grupo de produtores montou em 1992, a Zap (Zinfandel Advocates and Producers), com a intenção de educar os consumidores e incrementar as vendas de um tinto varietal que começava a ganhar popularidade. Entre os pioneiros estavam Paul Draper, da Ridge e produtores como Ravenswood, Rosenblum e Storybrook. Em pouco tempo, conseguiram atrair mais interessados e o movimento ganho consistência. Desse período surgiram as duas melhores vinícolas especializadas em Zinfandel da actualidade, a Turley Cellars e a Martinelli. Embora ambas venham se especializando em vinhos de boutique, de pequenas quantidades e preços relativamente altos, ainda são bem mais acessíveis e atraentes do que muitos cabernets californianos de prestígio. Um bom Zinfandel é caracterizado pela fruta exuberante, bom acidez e poucos taninos, um conjunto que agrada iniciantes e iniciados. Atractivo extra é que esses atributos permitem consumo imediato e se mantêm por seis a oito anos, em média. Para não se sugestionar, o apreciador deve ser abster de olhar a elevada graduação alcoólica. Ainda que os melhores atinjam com facilidade os 15 graus, às vezes até 17, o álcool é tão bem integrado que pouco se nota. Não é tão simples atingir tal padrão. A Zinfandel é uma planta vigorosa que exige rígido controle da quantidade produzida por parreira, para que elas alcancem boa maturação. Outra dificuldade é que os cachos não amadurecem por igual, sendo comum haver grãos de uva ainda verdes é ácidos ao lado de bagos perfeitamente maduros. A Colheita deve, portanto, ser feita no momento preciso, antes que algumas uvas virem passas. Entende-se com isso porque a Zinfandel dá melhores resultados em climas não muito quentes-onde a velocidade de maturação é menor-e a razão dela necessitar um cuidadoso trabalho no campo. Nenhuma área específica da Califórnia pode ser apontada como geradora dos melhores Zinfandéis. Pelo contrário, enquanto Martinelli está concentrado em Russian River, uma zona fresca de Sonoma, Turley tem uma gama de vinhos provenientes de vinhedos espalhados por várias localidades, e que são engarrafados em separado. Os vinhos apresentam, então, nuances diferente, na medida em que representam áreas de características distintas. Outra proposta é de produtores que mesclam as várias procedências visando extrair os melhor de cada uma. Não há também consenso com relação a vinificação nem quanto ao tipo de barril onde o vinho amadurece. Alguns defendem o carvalho americano, que aporta aromas de baunilha, enquanto outros empregam maioritariamente barris franceses, para ressaltar toques de especiarias.
Sabia-se desde os anos 1960, de seu parentesco com a Primitivo, uma variedade cultivada na Puglia, região conhecida como o calcanhar da bota na Itália. Os italianos, invocando a paternidade, propunham até a rotular seus vinhos como Zinfandel para facilitar as exportações. Os americanos, por outro lado, diziam que a conexão era com uma uva da Croácia, chamada Plavac Mali. Somente depois, em 2002, que uma pesquisadora da Universidade da Califórnia em Davis, usando análises de DNA, conseguiu elucidar a questão. Com a ajuda de dois cientistas croatas ela concluiu que a Zinfandel e a Primitivo são clones, por tanto, parentes próxima entre si da Crljnak, outra casta croata. (de Jorge Lucki, Jornal Valor)

Um comentário:

Fer Guimaraes Rosa disse...

sou uma iniciante e adoro zinfandel. ja bebi muitos, inclusice os da Ridge, Ravenswood e da Rosenblum. A Martinelli faz umas cidras muito boas, sem alcool. Nao sabia que fazia zinfandel. Aqui na UC Davis, estao construindo um Instituto dos Estudos do Vinho muito grande, com grana doada pelo Roberto Mondavi. Dizem que o vinho californiano so tem a qualidade que tem hoje, por causa da ajuda dos cientistas da UC Davis.

abraco! :-)