segunda-feira, 21 de maio de 2007

Tendências da Alimentação Contemporânea

Olá Amigos. Na semana passada assisti a uma palestra muito interessante, motivo do título, proferida pelo Professor Alan Warde, Co-Diretor do Centro de Pesquisa em Inovação e Competitividade da Universidade de Manchester. Foi um evento patrocinado pela Fecomércio/SP e a ESPM/SP
Faz tempo que o sociólogo pesquisa hábitos de consumo na Europa e nos EEUU, no âmbito da área da investigação conhecida como Sociologia da Alimentação. O grupo de cientistas, por ele liderado, levantou diversas informações a partir de diferentes métodos. Eles queriam conhecer como a comida é consumida, como é a prática de comer e a confiança que os consumidores tinham na comida que levam para casa. O trabalho foi realizado na Europa e os países escolhidos foram: Dinamarca, Noruega, Alemanha, Inglaterra, Itália e Portugal. O estudo foi feito no intervalo 2000/2004. E a confiança, entre as nações, são bastante diferentes. Quando foram a fazer a comparação entre as administrações, se depararam com a existência de Instituições que regulamentam os desacordos entre os consumidores e o Estado, desiguais em cada um deles.Na Grã Bretanha, existiram, na época, grandes quantidades de conflitos entre o Governo e os Supermercados, a partir do aparecimento da doença da vaca louca, por exemplo. No desfecho, o Governo acabou culpando os fazendeiros. O problema, foi, depois, recuperar a confiança do consumidores. Lembrem-se da aparição do próprio Ministro da Agricultura na televisão, oferecendo a seus filhos cortes de carne.
Tentando fazer um síntese das conclusões, podemos dizer que na Grã Bretanha, Itália e Portugal há taxas altas de desconfiança nos alimentos que levam para casa. Agora, os países nórdicos confiam mais.
Os italianos, apesar de terem a melhor comida, na opinião do Prof. Alan, acham que a sua comida está piorando. As mulheres desconfiam mais que os homens. Não há diferença de classe social. A maior preocupação está centrada nos alimentos geneticamente modificados. Uma outra curiosidade é que nos hamburgeres, ninguém confia. Agora, por exemplo, se analisarmos a quantidade de refeições que consomem por dia, temos, na Itália, no mínimo três refeições, não é assim na Noruega, onde se come um sanduíche de queijo e pão no meio da manhã e só.(além do almoço e do jantar).Outros dados que mostra este estudo, é que os italianos não seguem as mesmas regras que os ingleses. Na Noruega, perece que o Estado é muito paternalista, na análise do Professor Alan Warde, inglês, e eles não importam muita comida, costumam comer mais comidas norueguesas. Na Inglaterra, o supermercado é muito importante, muito forte e os consumidores costumam fazer protestos se acharem que a comida não é de seu agrado. Na Itália, a regulamentação é fragmentada, quer dizer, todos são poderosos.( supermercados, produtores, consumidores etc) Na Alemanha, também é fragmentada e ao que parece, os consumidores são confusos. Um outro fato é que gastam grande parte de sua renda em comida.
Agora, para verificar se existiu alguma mudança na cultura do consumo, a equipe liderada pelo Professor Alan, fez uma comparação entre entre a década de 1970 e a de 2000. Eles queriam saber como as pessoas gastam seu tempo em preparar as comidas ou em comer fora de casa. Nesta oportunidade, para analise e comparação, escolheu-se a Noruega, a Holanda, a França e os EEUU. E, segundo as conclusões do estudo, existiu uma queda da refeição familiar, uma perda das tradições. Os costumes tradicionais estão desaparecendo. Por outro lado, existe uma preocupação com o fast-food. Esta pesquisa foi feita entre uma população entre 20 e 59 anos e pode-se determinar, sempre com alguma margem de erro, próprio do objeto de estudo, que por exemplo, na Inglaterra as pessoas gastavam 75 minutos para cozinhar na década de 70, e em 2.000 gastam 54 minutos. Se fizessemos esta mesma comparação nos EEUU, o tempo de comer em casa caiu considerável mente. Na Noruega ( que nos anos 70 era um pais mais rural), comer fora mudou muito pouco. Na Holanda também, gasta-se muito pouco em comer fora de casa. Agora, na França, ainda comem em casa como antes. O que mudou é como dividem o trabalho doméstico. Nos EEUU, comem muito pouco em casa, come-se muito em público. O hábito de cozinhar está caindo. Os supermercados fornecem pratos semi-prontos e frescos. Um outro resultado é que na França, as mulheres com menos condições educacionais cozinham mais. As pessoas que tem mais graduação comem mais fora. Agora, se tem crianças, cozinham mais em casa. Conforme os países enriquecem gastam mais em comer fora, com a exceção da França.
Então, quando falamos de quem gosta de comer fora de casa, encontramos que são as pessoas que tem mais graduação. Na Inglaterra comem com mais freqüência. Na Noruega não é uma prática comer fora, mesmo entre as pessoas com mais graduação.Ao que parece, os restaurantes são muito caros.
Se falássemos da natureza de comer fora, vemos que entra o significado da família. Muitas vezes na França, as pessoas reúnem-se em torno da mesa do restaurante com toda a família. Por outro lado é uma prática que diferencia às pessoas. É um prazer e uma sociabilidade. Compartilhar em casa passou para o espaço público. Na Inglaterra, as famílias levam seus filhos pequenos a comer fora e se chorarem, eles são desencorajados a faze-lo.

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